Correm crianças pela rua. O som das puras gargalhadas chega até mim como a música dos anjos. Saltas as poças de água e brincam com alguns ramos caídos, imitando espadachins de outros tempos. As meninas, mais sensíveis, riem da fanfarronice dos meninos. E juntos seguem por este caminho que aqui passa ao lado de casa. As suas vozes denotam a alegria comum à época, o Natal está à porta. E sendo-se rico ou pobre, há uma energia na atmosfera que inflama os corações, que nos engrandece a alma. Há magia no ar! Ao fundo da rua as crianças vão-se tornando mais pequenas, contudo as gargalhadas ainda chegam até mim. Desaparecem ao virar da esquina, mas deixaram ficar a sua semente, a alegria sincera, sem motivo. A felicidade de se ser criança, que a todo o custo quero preservar até ao fim dos meus dias, neste corpo adulto que nunca deixou de ser menino.