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Horizonte

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Este som que sai das colunas do bar, música suave e ritmada cria um ambiente ideal em conjunto com o cenário que os meus olhos alcançam. O mar lá longe, calmo, que vejo pelas janelas, parece ter sido rigorosamente dividido do céu por uma ténue linha, a que chamamos horizonte. A linha perfeita que divide o céu da terra. Os homens aqui a meu lado não vêem o céu nem a terra, muito menos a linha que os separa, ténue linha de nada, de material nenhum. Impávidos e serenos bebem e fumam, lêem as desgraças diárias e discutem futilidades, dando opiniões que julgam credíveis, quando na verdade não valem o silêncio que ousaram quebrar. Alguns riem, parecem felizes, e talvez sejam, acredito que sim. É bom ouvir gargalhadas saudáveis, boa disposição, companheirismo, alegria, antídoto para a outra face, face obscura do ódio, do sofrimento auto incutido, da solidão doente. A música continua, concentro-me. Olhando para lá da praia vejo o horizonte, a linha divisória e apercebo-me que o céu e a ter

Se amanhã me fosse

Se amanhã me fosse como viveria o dia de hoje? Se amanhã me fosse hoje ao acordar sorriria olhando para os orifícios da janela que deixam entrar luminosos raios de luz dourada. Alongar-me-ia tal felino sentindo todo o meu físico e a sua simbiose com o vácuo circundante. Tomaria um banho onde sentiria a água em contacto com a minha pele e o som musical da percussão da gotas no chão da banheira. Uma refeição leve, natural, antes de sair em direcção à praia. Pelo caminho os odores variados far-me-iam sentir vivo como nunca, cheiros da natureza imensos. Meus olhos captariam cada pormenor, cada movimento: de vento sobre os ramos; das borboletas; dos pássaros; do avião que cruza os céus lá bem no alto. Ao chegar à praia tiraria as sandálias e o tacto com a areia macia massajar-me-ia a planta dos pés, prolongando-se esse prazer por todo o corpo até desembocar num arrepio no alto da cabeça. O sol aquecer-me-ia o corpo. Deitando-me no areal seria somente sensações: vendo o céu azul, com breves

Prazerosa leitura

Como pude andar tantos anos da minha juventude afastado desta actividade deleitosa. Pegar num bom livro, de preferência novo, tactear a capa, sentir o seu odor agradável, a textura das folhas que convidam a um momento de paz enquanto nos embrenhamos numa boa ficção, romance, policial, ou outro. Tantos minutos, horas, despendidas em filas de espera, nos mais variados serviços, olhando para o tecto esperando desesperadamente que o pequeno mostrador exiba o número que coincide com a nossa senha. Muitas mais viagens de transportes públicos sem um livro de apoio que nos salve da macabra e detalhada conversa que as vizinhas de banco teimam em discorrer. Já para não falar do pobre tempo gasto em frente ao ecrã de televisão que nos ilude e hipnotiza de uma forma realmente assustadora. E tanto que há para descobrir entre páginas. No Domingo passado, ao regressar do trabalho na minha caminhada descontraída, fui reparando nos cafés e tascas por onde passava. O televisor aos berros, meia dúzia de

Hoje é o dia

Hoje é um bom dia para iniciar este blog, sinto-o. Apesar da inspiração estar fora, de férias talvez, inspira-me a ideia de escrever, ou postar, como queiram, num espaço aberto, partilhando palavras, imagens (que valem por mil), suspiros, lágrimas, enfim o mundo, não só o meu, mas o que me rodeia. Aguardo o regresso da inspiração, ela que por vezes faz visitas de médico deixando-me na expectativa que um dia fique definitivamente.